EDUCAÇÃO DO CORPO

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quarta-feira, 9 de novembro de 2011

ARTIGO SOBRE SELEÇÃO DESPORTIVA

Selecção desportiva em jovens futebolistas masculinos : estudo do escalão de sub-14 da Associação de Futebol de Aveiro

Objectivo: O presente estudo tem como objectivo estudar o processo de selecção desportiva no escalão de sub-14 entre atletas de equipas regionais, seleccionados e não seleccionados, para as equipas representativas das associações distritais. Metodologia: A amostra é constituída por 70 futebolistas masculinos, divididos em três grupos: elite distrital da Associação de Futebol de Aveiro (AFA, n=22), elite distrital da Associação de Futebol de Coimbra (AFC, n=25) e nível local (n=23). Foram consideradas variáveis morfológicas (massa corporal, estatura, altura sentado, índice de massa corporal e soma de 4 pregas subcutâneas), de maturação (idade esquelética utilizando o método FELS), de desempenho funcional [agilidade (10x5 metros), força explosiva dos membros inferiores (salto estático e salto com contra movimento), endurance aeróbia (yo-yo), e capacidade anaeróbia (7 sprints)], e ainda as habilidades motoras específicas do futebol (controlo da bola, agilidade com bola, passe à parede e remate), a experiência desportiva (anos de prática federada na modalidade) e a orientação para o objectivo. A análise dos dados considerou as estatísticas de tendência central e de dispersão. Foi utilizada a ANOVA para testar o efeito do nível competitivo, sendo usada a análise da função discriminante para encontrar um conjunto restrito de variáveis capazes de reclassificar os futebolistas nos grupos iniciais. O nível de significância foi mantido em 5%. Resultados: Os jovens futebolistas de elite de Aveiro, quando comparados com os de nível local, são mais pesados (F=5.25, p≤0.05), mais altos (F=11.28, p≤0.01) mais ágeis (F=10.26, p≤0.00), mais fortes (impulsão vertical sem contra-movimento: F=10.26, p≤0.01), e mais aptos na aptidão anaeróbia (F=13.30, p≤0.01, para o melhor sprint; F=13.75, p≤0.01, para a média dos sete sprints). Adicionalmente, os jogadores da selecção da AFA praticam futebol há mais anos (F=6.84, p≤0.01), e são esqueléticamente mais velhos (F=12.62, p≤0.01), obtêm melhores resultados na prova de controlo da bola (F=7.74, p≤0.01) e no remate (F=12.44, p≤0.01). Não se observam diferenças entre os seleccionados da AFA e os futebolistas de nível local na idade cronológica, adiposidade, índice de massa corporal, salto com contra movimento, endurance aeróbia, índice de fadiga anaeróbia, M-Test (condução de bola), passe à parede e ainda na orientação para a realização de objectivos (tanto para a tarefa como para o ego). Entre os jogadores das selecções distritais da AFC e da AFA, existem diferenças na potência dos membros inferiores, avaliada sem contra movimento (F=4.94, p≤0.05), passe (F=7.92, p≤0.01), remate (F=6.41, p≤0.05) e orientação para o ego (F=9.28, p≤0.01). Os futebolistas da AFA são menos aptos na potência muscular e no passe, mas mais aptos na prova de remate e menos orientados para o ego. A função discriminante utilizada identificou a média melhor dos 7 sprints, a idade óssea, a prova do remate, e a estatura como os marcadores que melhor distinguem os atletas de elite distrital dos de nível local. A função discriminante reclassifica correctamente 87% da amostra. Conclusões: Os futebolistas de elite distrital distinguem-se dos seus pares de nível local em termos maturacionais, somáticos, funcionais e técnicos. O processo de selecção desportiva parece privilegiar o tamanho corporal e o estatuto maturacional, sugerindo que no futebol juvenil se exclui, sistematicamente, os jovens mais pequenos e/ou maturacionalmente atrasados.
https://estudogeral.sib.uc.pt/handle/10316/14241

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